DESPEDIDA AO PROFESSOR ÁTICO: Ático Frotas Vilas Boas da Mota, terminou em 1957 os cursos da faculdade de Filologia Neolatina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especializou-se na Argentina, também na Europa. Doutorou-se em 1972 em filologia românica na Universidade de São Paulo. Ex- diretor do Departamento de Educação e Cultura da Universidade Federal do Goiás, organizou, entre outros acontecimentos culturais, a primeira exposição internacional do livro daquela região (1963) e como vice diretor da Faculdade de Filosofia, foi iniciador do primeiro programa cultural estatal de Goiás (1972) premiado pela UNESCO.
É membro do instituto de História e Geografia do Brasil e das filias de Goiás, Bahia, do Mato Grosso e do Rio Grande do Norte. Membro da Academia de Letra da Bahia e ulteriormente membro da Academia Literária Brasileira. Linguista, poeta historiador, etnólogo de vulto, foi também eleito membro de honra de instituição e foros internacionais, culturais e científicos da Europa e do Brasil. em 1961 foi nomeado assessor cultural do corpo Diplomático Extraordinário. Durante sete anos foi presidente da Comissão Nacional do Folclore Brasileiro. Na Romênia tornou-se professor associado da Universidade internacional da capital Romênia. No ano 2000 foi galardoado com a Ordem do rio branco, para méritos especiais na promoção da cultura romena no Brasil. Sua obra, presente nas grandes bibliotecas do mundo está integrada por 15 volumes de estudos linguísticos, etnográficos e folclóricos. Professor Ático fala e escreve fluentemente o espanhol, inglês, francês, italiano, romeno, esperanto e com certeza o português, pois, a sua especialidade é a filologia. Em seu livro Poemas em Trânsito, descreve o professor em sua autobiografia: "Não tenho biografia.Todos os meus dias eu os devorei gulosamente, com unhas e dentes" Ático era mesmo assim, um homem de energia impressionante que parecia hora do dia e da noite para todos que o procuravam, por qualquer motivo, seja para tira dúvidas, para aprender, ou mesmo para um bate-papo informal, o professor os acolhia com extrema educação e paciência.
O professor Ático Frotas Vilas-Boas da Mota, nascido em Livramento do Brumado no ano de 1928, chegou em Macaúbas ainda em sua infância, no inicio dos anos trinta do século a anterior. Nossa cidade recebeu com alegria este super humano, portador de uma inteligencia viva, vibrante, e transformadora. Não demorou muito e as " letras" contidas na comunidade se tornaram insuficiente diante de sua tamanha avidez pelo conhecimento, assim, o destino o conduziu para as bibliotecas e universidades do mundo. Dentro de uma biblioteca, ele estava em seu elemento natural, aliás, a sua biblioteca pessoal tem um acervo contendo mais de dezesseis mil títulos, talvez, a maior biblioteca do Brasil. Além do dom divino da intelectualidade, Ático também é dotado de muitas outros dons, como a caridade, a sabedoria, o altruismo, a dedicação ao próximo, o vigor, a dedicação, o apego absoluto ás tradições, ás artes e á cultura. Usando com sabedoria todos estes dons e faculdades, o professor, durante a sua brilhante vida, trilhou a estrada que conduz ao mundo das consciências superiores, uma estrada apertada e difícil de ser trilhada pela maioria de nós humanos. Para andar por este caminho, Ático praticou o amor incondicional pela seu próximo, levou á risca o comportamento ético, realizou a caridade, viveu em desapego com as coisas materiais, fez uso continuo e profundo das orações, teve fé absoluta, sacrificou-se e entregou-se para os outros. A primeira vez que encontrei o professor Ático foi em sua residência, na cidade de Goiânia, quando fui presenteado com um disco de vinil.
Perguntando o meu nome, em questão de segundos, ele utilizando as primeiras letras do meu nome, escreveu o acróstico: 'Deus te salve Dalmar, andarilho da nossa terra, levando e trazendo Macaúbas, a nossa poesia ambulante, rosa que nunca murchou em nossos sonhos". Recedi também outros presentes como alguns livros, todos autografados em uma rara peça de cerâmica fabricada pelos zingaros. O cineastra romeno Corneliu Medvedov escreve sobre Ático: "Um mago raro este Ático Vilas da Mota, foi a impressão que tive ao conhecê-lo, não em sua totalidade, mas sim, só por uma face do cristal que refletia a sua complexa personalidade. Senhores leitores da Romênia, do Brasil e todas as partes do mundo, então na paragem magnifica da poesia, lá onde a letra escrita tem preço, não em ouro, mas sim, em sentimentos vemos o professor Ático. Para Ático da Mota não conta a cor da pele, ou a língua diferente, contam só os tesouros da alma, que está transgredindo as barreiras linguísticas impostas pelas fronteiras e geografias concretas, abrindo novos territórios da esperança." Assim morre o professor, em uma tarde do sábado da aleluia, o sábado da ressurreição para todos nós Cristãos. Ressurreição, a rigor significa tornar a existir ou a viver. Ático é extremamente um imortal, assim como todos os escritores do mundo. As suas obras permanecerão por toda a eternidade, quando algum humano, retirar da estante alguma de sua obra, lá estará ele vivo, renascido, transmitindo e revelando os mistérios da sua tão complexa, intensa e apurada existência. ( Texto Do amigo Dalmar Lula da Silva Filho).
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